UM SONHO AZUL A construção de um enredo onírico
efetuado na imaginação do inconsciente do fotógrafo em tons de azul não é
despiciente. A cor reflete a frieza que se lhe atribui mas contraposta com
imagens carregadas de profundidade, serenidade, infinitude e mistério. O enredo
onírico revela-nos contrastes de reflexos de alma, dos caminhos percorridos,
dos que o poderiam ter sido e não o foram, das portas abertas, das portas
fechadas e das personagens que acompanham as imagens, as personagens que são
visíveis e as que não o são, mas que estão presentes, ou poderiam estar. No
labirinto do Eu, a lente percorre a profundidade inerente ao seu Ser e aos
mistérios que o transcendem. Do frio facilmente somos transportados para o
quente da vida, da cor, da serenidade e da revelação do caminho encontrado
entre todos os outros caminhos escolhidos e entre todas as portas abertas e
fechadas, que nos levam a ir pelo que mais nos atrai, pelo desconhecido de nós
próprios e do nosso labirinto. Os nossos sonhos são isto: reflexões profundas
de labirintos escondidos nos nossos subconscientes e que não sabemos onde
começa a ficção e onde acaba a realidade. Os nossos mistérios são os mistérios
dos outros, os nossos labirintos são os labirintos dos outros, os nossos sonhos
são os sonhos dos outros e maior parte das vezes todos vivemos "Um sonho
azul"... Maria João Correia das Neves Coimbra, Fevereiro de 2017