“Fotografia: Caminhos para a saúde Mental” é uma
exposição a duas vozes O grito de alerta das fotografias de Ana Mestre, dando
rosto aos números da Saúde Mental em Portugal. Doentes, familiares e técnicos
da ARIA - Associação para a Reabilitação e Integração Ajuda, uniram-se e, pela
lente da fotógrafa, disseram como vai a saúde da saúde mental em Portugal. Na
sua crueza, os números mostram uma realidade que nos envergonha, como
comunidade. Denunciam a forma como as pessoas com doença mental e as suas
famílias são encaradas neste país: aqueles que todos querem esquecer que existem,
cidadãos que quotidianamente veem a sua dignidade de seres humanos posta em
causa. Discriminação, desprezo, negligência, ignorância (sobretudo ignorância!)
classificam bem a forma como milhares de portugueses são tratados pelas
instituições e pelos seus concidadãos. O ferrete da doença marca-lhes a
existência e domina-lhes a vida. Por isso é urgente este grito de alerta! Para
transformar este estado de coisas, é urgente mudar mentalidades, mudar
atitudes, mudar políticas! Assumirmos como comunidade que estar doente não pode
significar estar à margem, estar escondido! É urgente escutar estas vozes e
reconhecer-lhes o lugar a que têm direito, o de protagonistas da sua própria
circunstância, na defesa daquilo que lhes é devido. As imagens de Duarte Pimenta
são a voz da Esperança, mostram como é possível mudar aquela realidade e
encontrar formas de comunicação e realização pessoal que superam dificuldades
aparentemente intransponíveis. O Duarte encontrou na lente da máquina
fotográfica a sua forma pessoal de dizer o mundo e as suas palavras visuais
contam-nos a realidade com uma originalidade que nos fascina e enriquece. O
encontro do Duarte com a máquina fotográfica não foi obra do acaso. Aconteceu
porque alguém não se resignou ao estigma de um rótulo que só sinalizava
limitações e acreditou que, muito para lá do diagnóstico, havia uma pessoa com
sonhos e potencialidades. E acreditou que isso era o mais importante! Não foi
com certeza fácil este combate contra o preconceito, a incompreensão, a falta
de meios. Mas foi possível e é exemplo que vale a pena lutar contra o discurso
do imobilismo e da descrença. Contra a discriminação e o estigma, a arte do
Duarte mostra-nos o caminho certo, o caminho da inclusão que nos torna mais
ricos como indivíduos e como comunidade. Que saibamos encontrar os sinais
certos que nos levem a construir uma sociedade mais humana em que as pessoas
com doença mental tenham acesso aos meios necessários para viver uma vida digna
e realizada em que todo o seu potencial se possa exprimir e contribuir
socialmente. Que cada um de nós tenha esta compreensão e contribua, de acordo
com as suas responsabilidades e possibilidades, para esta transformação! Que
cada um de nós tenha esta compreensão e contribua, de acordo com as suas
responsabilidades e possibilidades, para esta transformação!