"Évora é o melhor exemplo de cidade da idade de ouro portuguesa após o terramoto de Lisboa de 1755" (IV). "Só a paisagem urbana de Évora permite compreender hoje em dia a influência exercida pela arquitetura portuguesa no Brasil e em sítios como Salvador da Bahia" (II).
Zona inscrita: Centro Histórico de Évora Ano de inscrição: 1986 População atual: 56.519 Fundação: anterior à época romana Justificação: Relatório da 10ª sessão do Comité Ref.: 361
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Critérios de Inscrição
C-II: ser testemunho de um intercâmbio de influências considerável, durante um dado período ou numa determinada área cultural, sobre o desenvolvimento da arquitetura ou da tecnologia, das artes monumentais, do planeamento urbano ou da criação de paisagens;
C-IV: representar um exemplo excecional de um tipo de construção ou de conjunto arquitetónico ou tecnológico, ou de paisagem que ilustre um ou mais períodos significativos da história humana;
Localização
Cidade do interior de Portugal, Évora localiza-se numa encruzilhada de 3 bacias fluviais. Situada a 140kms a este de Lisboa, está erigida sobre uma colina que domina a planície alentejana.
Referências Históricas
Évora, importante cidade romana de nome Liberalitas Julia, situa-se num cruzamento de vias na província imperial da Lusitânia.
Na época das invasões bárbaras, Évora encontra-se sob o domínio Visigodo. Ocupa o espaço delimitado pela muralha romana modificada.
A cidade é conquistada pelos muçulmanos (715) que melhoraram as fortificações.
A reconquista cristã (1165) traz como consequência a integração de Évora no reino independente de Portugal. É o início de um período de desenvolvimento que se estende até ao séc. XVI. Sob a Casa de Avis (1385-1580) chega a ser a segunda cidade do reino, depois de Lisboa. No séc. XVI, Évora alcança a sua idade de ouro. É a época das grandes realizações arquitetónicas.
É também o início das grandes expedições marítimas portuguesas. Descobre-se a Madeira, as ilhas dos Açores e as ilhas de Cabo Verde e muitas outras escalas nas rotas marítimas mundiais.
No séc. XVII, constrói-se uma muralha do tipo Vauban. No séc. XVIII expulsam-se os jesuítas, cuja projeção intelectual e religiosa tinha sido importante desde o séc. XVI. É a decadência de Évora.
Morfologia Urbana
A planta da cidade, fixada nas suas grandes linhas no século XVI, desenvolve-se de forma radial, desde o cimo da colina.
Algumas praças da cidade (Giraldo e Porta de Moura), situadas no limite do núcleo antigo, caraterizado por um traçado irregular, são o ponto de partida de eixos urbanos que estruturam o conjunto e têm prolongamento para a região.
Entre esses eixos, o espaço urbano é preenchido com redes de ruas estreitas, quase sempre em linha reta e cuja orientação varia de um conjunto para outro.
Fecham a cidade três muralhas sucessivas ( romana, medieval e Vauban).
Entre as muralhas e os vestígios das muralhas bordeados por jardins, uma arquitetura de casas baixas e brancas, cobertas com telhas ou com açoteia, dá unidade à malha urbana.
Ferro forjado e azulejos conferem ao conjunto uma maior coerência.
Numerosos palácios e conventos (nalguns casos de granito), de inspiração manuelina, datam do século XV.
O século XVI é caraterizado por grandes obras de arquitetura e urbanismo, tais como o aqueduto antigo, construído em 1537 e as numerosas fontes.
Anexo:
Planta da área classificada.jpg