22 junho 2014

O Concelho

​HISTÓRIA

A região de Évora apresenta desde a Pré-história vestígios de ocupação humana, de que sobreviveram gravuras rupestres​ e importantes monumentos megalíticos, como a Anta do Zambujeiro e o Cromeleque dos Almendres. Para saber mais http://www2.cm-​evora.pt/arqueologia​​

​Durante a ocupação romana, e beneficiando da sua localização estratégica, a Liberalitas Júlia – assim chamada em homenagem a Júlio César – ganha o prestígio de m​unicípio e atinge um desenvolvimento notável. Alguns vestígios impo​rtantes dess​a ocupação chegaram até nós – como o templo romano, os banhos públicos e troços da cerca antiga – mas o tecido urbano permanece mal conhecido, já que as cidades árabe, medieval e moderna se construíram sobre a cidade romana. No entanto, as muralhas romanas e as suas portas, articuladas com os eixos regionais influenciaram claramente a estrutura da cidade.​

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Dos períodos visigodo e árabe pouco restou, mas segundo Alexandre Herculano, talvez baseado nos escritos de um geógrafo árabe do séc. XII, Évora seria então a segunda cidade árabe da província de Badajoz e grande entreposto comercial.

A conquista de Évora aos mouros por Giraldo Sem Pavor, em 1165, marcou uma nova fase de crescimento da cidade até ao séc. XVI, quando atingiu o seu máximo esplendor, na sequência da fixação da Corte e do processo histórico dos Descobrimentos.

Do ponto de vista do património, a primeira obra notável construída pelos portugueses foi a Catedral, edificada em finais do séc. XII. No exterior das muralhas romanas foram construídos alguns conventos, como os de S. Francisco, S. Bento de Cástris e S. Domingos. Em meados do séc. XIV, durante o reinado de D. Dinis, foram construídas as muralhas medievais – a designada Cerca Nova.

A reconquista cristã empurrou para fora das muralhas as comunidades mouras e judias, que se instalaram, respetivamente, a norte da igreja de S. Mamede e entre as ruas Serpa Pinto e Raimundo.

No séc. XVI o tecido urbano, estruturado em torno da praça do Geraldo e do largo da Porta de Moura, estava na prática definido e ocupado.

A dinastia de Avis teve certamente um papel fundamental no desenvolvimento da cidade: D. João I eleva Évora a segunda cidade do reino e a presença da Corte, por períodos prolongados, faz deslocar para Évora, para além das importantes famílias portuguesas, uma plêiade de artistas que marcaram em definitivo a fisionomia da cidade. É nesta fase que se verifica a instalação do Palácio Real junto ao Convento de S. Francisco, que a Universidade é fundada e são construídos os mais belos palácios, conventos e igrejas e o Aqueduto da Água da Prata, obra fundamental que provocou algumas alterações na rede urbana, abrindo novas ruas. Alguns troços da antiga muralha são eliminados, aproximando a cidade romana do resto da urbe, cuja nova estrutura se define também pela imagem fortíssima do Aqueduto, pela importância que assume a praça do Geraldo, pelo prolongamento do eixo principal até ao Paço Real.

Nos séculos XVII e XVIII assinala-se a substituição do antigo casario popular por edifícios de porte mais nobre e de maiores dimensões, a remodelação pontual de alguns edifícios públicos e de culto e a introdução de fortificações de tipo Vauban, enquanto, na zona extramuros, surgem alguns velhos solares em quintas.

No séc. XIX e inícios do séc. XX, fase marcada pela ideia de “progresso”, ocorrem algumas intervenções significativas, que, nalguns casos, implicaram a destruição de elementos importantes do património arquitetónico e a substituição de outros que prejudicavam a fisionomia urbana de áreas mais degradadas ou sujeitas a um maior dinamismo. É o caso, por exemplo, da zona onde se localizava o Paço Real – de que sobreviveu apenas a denominada “Galeria das Damas” e o Convento de S. Francisco. Na zona da praça do Geraldo, assinale-se ainda o derrube do edifício dos Paços do Concelho e da antiga cadeia comarcã, substituídos pelo muito discutível edifício do Banco de Portugal, sem quaisquer afinidades estéticas com a zona envolvente. Também o convento de S. Domingos foi demolido na segunda metade do séc. XIX, dando lugar ao Teatro Garcia de Resende e à praça de S. Pedro – atual praça Joaquim António de Aguiar.

Posteriormente a toda a atividade renovadora associada ao séc. XIX e princípios de séc. XX, que visava dotar a cidade das infraestruturas necessárias à melhoria das condições de vida e de convivialidade, o sucesso da ditadura salazarista, a partir da década de 20, traduziu-se no abrandamento significativo do desenvolvimento e a cidade entrou numa fase de declínio e apagamento que duraria até à década de 70, em que a revolução do 25 de Abril inverteu este processo.

Com efeito, com a revolução de Abril operam-se grandes transformações, correspondendo às profundas mudanças políticas, económicas e sociais que alteraram, por pouco tempo mas de forma radical, as relações de poder, substituindo por uma gestão democrática, voltada para as necessidades básicas da população, aquela de que haviam sido detentores os grandes proprietários de solo urbanizável.

O surto de desenvolvimento a que se assistiu, refletido no ambiente urbano, se bem que compreensivelmente justificado nos seus aspetos sociais, levantou questões de planeamento e ordenamento do território urbano, assim como obrigou à definição das novas construções, volumetrias e infraestruturas complementares, como os espaços verdes e outros equipamentos.

No que se refere ao Centro Histórico, se as primeiras correntes conhecidas se exprimiam no sentido da conservação de “monumentos” históricos, o conceito foi evoluindo para a preservação de conjuntos urbanos, até ser consagrado na Carta Internacional sobre Conservação e Restauro dos Monumentos e Sítios definida em 1964 em Veneza.

No essencial, a evolução verificada já no início do séc. XX partiu de um entendimento da preservação que definia a restituição integral da forma inicial dos monumentos, que, transformando-se em peças de museu, perdiam a sua função de origem, para, em finais da década de 70, a preservação passar a associar-se ao conceito de reabilitação (mudança da função inicial), reutilização (atribuição de novos usos a espaços que tivessem perdido a função inicial) e revitalização (animação dos espaços transformados).

​Também na renovação urbana (tornada indispensável devido à destruição provocada pela I e II Guerras), o conceito evoluiu no sentido de uma renovação com recurso a operações planeadas, que dão importância acrescida aos processos de revitalização e reutilização das áreas em causa.

A elaboração de um Plano Diretor Municipal – o primeiro do país – e a criação de uma estrutura especificamente virada para a problemática do Centro Histórico (o Núcleo do Centro Histórico de Évora – hoje designada Divisão do Centro Histórico, Património, Cultura e Turismo) permitiu ao município intervir de forma articulada na zona intramuros, opção cujos resultados viriam a tornar possível, em 1986, a classificação do Centro Histórico de Évora como Património Mundial, pela UNESCO – que contemplou todo o conjunto urbano compreendido dentro das muralhas.

Na sequência desta classificação, Évora e o seu Centro Histórico viriam a obter o reconhecimento mundial, dando início a um processo dinâmico de transformação cujos efeitos ainda hoje se fazem sentir.


LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA

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O Concelho de Évora integra-se numa vasta planície que se estende ao sul de Portugal – a região do Alentejo. A peneplanície alentejana apresenta uma ondulação suave a uma cota média de 240 metros e é pontuada por alguns relevos de pequena altitude, como a serra de S. Mamede. É cortada por três grandes bacias hidrográficas – as do Tejo, do Sado e do Guadiana.

O Concelho de Évora tem uma área de 1.309 Km2, que corresponde a 5% do total da Região. A área urbana do concelho ocupa 1.643 há e distribui-se por 19 freguesias: 7 urbanas (3 no Centro Histórico de Évora) e 12 rurais.

Apesar das transformações verificadas nos últimos anos, a paisagem da região ainda se caracteriza pela cultura de cereais em regime extensivo, com zonas de pastagens e manchas de floresta de sobro e azinho. O olival, as vinhas e as culturas de regadio (arroz) são outras marcas características do concelho.


​CLIMA E SOLOS

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O clima de Évora identifica-se, no essencial, com as características da região: clima tipicamente mediterrânico, por vezes com influência atlântica, com precipitação distribuída ao longo do ano de forma desigual, com o pico no Inverno, que alternam com Verões quentes e secos, entre Junho e Setembro.

O valor da temperatura média anual é de cerca de 16ºC (Maio), com temperaturas médias mensais, no Verão, superiores a 20ºC, com um máximo de 23,2 em Agosto e, no Inverno, inferiores aos 10ºC, com um mínimo de 9,4ºC em Janeiro. Em resumo, a Verões muito quentes (média anual de 128 dias com temperatura média superior a 25ºC) opõem-se Invernos muitos frios (90 dias por ano com média inferior a 5ºC).

O clima da zona de Évora apresenta, pois, grandes variações, que nos últimos anos, e acompanhando as variações climáticas verificadas na Europa, acentuam os cenários mais extremos de calor e frio: em 2005 viveu-se uma situação de seca intensa e, em Janeiro de 2006, nevou em Évora, o que não se verificava há vários anos.​

No Concelho existem vários tipos de solos que, pelas suas características, foram determinantes na sua utilização durante as várias ocupações humanas. 

Na sua maior parte, trata-se de solos de fertilidade variável, com frequentes afloramentos rochosos, apresentando por vezes riscos de erosão; e solos litólicos, mediterrâneos, principalmente derivados de xisto, barros e calcário.

Os solos de baixa fertilidade, que apresentam com frequência afloramentos rochosos, ocupam uma grande extensão na zona envolvente de Évora, distribuindo-se os solos mais ricos, quase exclusivamente, por estreitas faixas localizadas junto às linhas de água (Degebe, Xarrama, ribeira de Valverde).


​POPULAÇÃO​

Com cerca de 50.000 habitantes a cidade de Évora continua a ser, apesar da diminuição da sua dinâmica de crescimento, o principal polo urbano da região, em termos populacionais e funcionais não fugindo à regra do interior do País, recebendo a grande maioria da população ativa em oposição ao risco de desertificação da zona rural do concelho.

A procura de melhores condições de vida e o estabelecimento de valores profissionais, são na sua grande maioria responsáveis por este movimento rumos às cidades médias no nosso país e na Europa. 

Os recentes dados dos CENSOS 2011 fazem supor que, as projeções demográficas para 2016 que assentavam no movimento migratório como suporte do crescimento da população não deverão concretizar-se devido à desfavorável situação socioeconómica do país.

Assim, a valorização da componente ambiental e da promoção do desenvolvimento sustentável, a valorização dos espaços naturais ou de valência ambiental definida, juntamente com a sustentabilidade económica e a qualificação da rede sociocultural a nível local, que vinham a constituir-se como premissas assumidas pela sociedade em geral e pelos órgãos de soberania em particular deverão continuar a ser fortemente incentivadas.

Procura-se deste modo contrariar o envelhecimento populacional e dinamizar novamente os movimentos migratórios.

Évora apresenta características que a colocam numa posição privilegiada dentro da rede urbana do Alentejo, de que se salientam a centralidade administrativa e terciária, o elevado valor patrimonial concelhio, a Universidade de Évora e o seu papel como polo de dinamização cultural. O concelho deve tirar partido da sua localização, reforçando o papel de Évora como cidade liderante da região Alentejo. A curto prazo a região disporá de novas infraestruturas que potenciarão a logística do concelho e da cidade.


PERSPETIVAS DE FUTURO

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No que respeita ao transporte de mercadorias está programada uma ligação ferroviária que estabelecerá numa primeira fase a ligação entre a plataforma portuária de Sines e Espanha, também com passagem por Évora. De referir, também, a importância para a região e para o Concelho de Évora da articulação com o Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva e com o Aeroporto de Beja.

Estrategicamente devem ser desenvolvidas condições para que o concelho aproveite as principais oportunidades que hoje se lhe deparam, tendo como principal objetivo combater a debilidade da base económica da região onde se insere:

Valorizando o prestigio nacional e internacional de que a cidade disfruta, reforçado pela tendência de valorização do Alentejo a que se assistiu nos últimos ano.

Aplicando uma política de solos na cidade e outros aglomerados urbanos que com a qualidade e sustentabilidade como padrão atraia novos habitantes e empresas.

Definindo uma estratégia de valorização das vantagens e oportunidades de internacionalização da região que resultam da implementação da ​LTM (Linha de transporte de Mercadorias) que ligará a plataforma portuária de Sines a Espanha.

Na lógica da relação de proximidade com Lisboa implementar uma política que torne a cidade de Évora e todo o concelho atrativos para acolher uma procura de qualidade e excelência.

Resultado da implementação desta estratégia são já exemplos a expansão do PITE e a entrada em funcionamento das fabricas da EMBRAER.